O skate é uma atividade de auto-impacto que pode acabar gerando algumas lesões como qualquer outro esporte, no caso do skate a grande maioria das lesões são causadas por traumas diretos, mas existem algumas outras que não se originam desta forma.
Uma lesão que acomete um número elevado de skatistas é a pubalgia, dor na região do púbis ou na virilha que impede a realização de movimentos. Os mecanismos de lesão incluem alterações rápidas de direção, movimentos repetidos de corrida e saltos associados a desequilíbrios musculares, traumas diretos, prática esportiva em pisos duros, uso de calçados inadequados e excesso de treino, situações comuns no cotidiano de qualquer skatista.
A pubalgia pode ocorrer por uma instalação aguda (Pubalgia Traumática) ou por repetições de movimentos com perturbações do esquema corporal (Pubalgia Crônica). A causa mais comum da dor na virilha é a distensão ou tensão exagerada da musculatura que envolve esta região, abrangendo os músculos adutor longo, reto abdominal, iliopsoas, pectíneo e reto femoral. Pouca flexibilidade da musculatura da região do quadril e pélvis, assim como instabilidade de quadril e desequilíbrio muscular entre adutores e músculos do abdômen, também podem contribuir para o surgimento da pubalgia. Quando a pubalgia tem sua causa na musculatura, o músculo e tendão mais acometido normalmente é o do músculo adutor (porção longa), podendo apresentar uma inflamação crônica ou até uma lesão das fibras (ruptura de uma parte do tendão ou músculo). Outro músculo acometido é o reto abdominal na porção que se insere no osso púbis. A tensão nestes dois músculos desequilibra o quadril, pois o músculo reto abdominal traciona o osso do quadril para cima, enquanto o adutor puxa para baixo.
A dor é bem localizada na virilha e pode acometer apenas um lado ou os dois, se houver irradiação da dor, o skatista pode sentir incômodo na região do abdômen inferior, adutores, região genital e lombar, caso haja associação com alterações da articulação sacroilíaca (junção do quadril e porção final da coluna).
O diagnóstico é feito, principalmente por uma análise sintomática aliada a uma avaliação biomecânica de fatores intrínsecos e extrínsecos atuando em conjunto com os gestos técnicos repetitivos que possam potencializar a ação maléfica sobre a pelve. Os exames complementares podem ajudar no diagnóstico diferencial. O tratamento preventivo deve ser baseado no estudo das cadeias musculares, passando por um treino programado e progressivo de todos os fatores predisponentes.
Quanto mais demorado for o início do tratamento maior será o tempo de recuperação. O objetivo do tratamento fisioterápico conservador consiste em diminuir a dor e a inflamação (utilizando gelo e recursos de eletroterapia), aumentar a resistência do tendão ou tendões acometidos, restabelecer o equilíbrio muscular (através de técnicas de alongamento e fortalecimento) e melhorar a estabilidade do quadril e da coluna. O fisioterapeuta poderá utilizar técnicas de terapia manual e correções posturais como RPG (Reeducação Postural Global) para proporcionar uma recuperação segura e completa (sem recidivas). Nestes casos não é necessário a interrupção das sessões de skate, mas sim uma diminuição considerável no tempo sobre o carrinho e a não realização de algumas manobras visando preservar o local de tratamento.
A cirurgia está reservada aos casos em que o tratamento fisioterápico não obtém resultados ao fim de pelo menos 3 meses de tratamento, trata-se da intervenção de Nesovic que permite reparar as deficiências da parede abdominal anterior reequilibrando a correia abdominal através da reposição dos grandes oblíquos. A volta ao skate ocorre entre 2 a 3 meses após a cirurgia e deve ser feita de forma progressiva.
Em casos como o da pubalgia o segredo esta no treinamento preventivo com exercícios de alongamento e fortalecimento muscular, evitando assim passar por momentos dolorosos alem de ficar alguns dias sem andar de skate.
Lembre-se: ande de skate, evolua e divirta-se.
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